quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

LP - Act. 1

Grupo 1: Paulo Figueiredo, Ana Xavier, Paula Veloso

¯ACTIVIDADE 1 - Leitura Neutra e Expressiva de um mesmo texto (Texto de época - Sociedade Quinhentista), de acordo com a audição das diferentes peças musicais apresentadas (2 instrumentais). Proposta apresentada à turma e alunos voluntariam-se. Após leitura alunos reflectem conjuntamente sobre o grau de dificuldade em associar texto sonoro/musical ao verbal e justificação das suas escolhas.

TEXTOS PARA LEITURA EXPRESSIVA
“Gil Vicente soube aproveitar a sua situação na corte para fazer uma crítica atrevidíssima de diversos vícios sociais sem poupar nenhuma classe – clero, nobreza ou povo. (...) Lendo-se as peças vicentinas, é o povo portuguê de há quatrocentos anos que roda ante os nossos olhos. Clérigos nada exemplares, frades folgazões e libertinos, fidalgos avarentos e ambiciosos, nobres que eram pobres mas alardeavam riquezas, magistrados ignorantes e corrompidos, médicos incompetentes, escudeiros pelintras, esposas infiéis, velhas gaiatas, casados que se odeiam, criados que murmuram dos patrões, velhos tontos, meninas do povo que pretendem ser damas da corte, donzelas que têm relutância pelos trabalhos domésticos, parvos, alcoviteiras..., todos se encontram tão bem definidos, que muitos deles ainda hoje nos parecem ser nossos conhecidos.”
António José Saraiva, Teatro de Gil Vicente, Portugália Ed.

“(...) A Gil Vicente cabe a didáctica e académica glória de ser o “fundador do teatro português”. (De letreiros deste calibre ninguém está a salvo como é sabido.) Temos um liceu que lhe usa o nome, uma estátua que ninguém olha – e os autos, que raros lêem, e alguns só por obrigação escolar. (...) Para fundador, é pouco.
Ora, se isto não parecesse sonho dementado,diríamos que não se faria favor nenhum a Gil Vicente (mas ao público certamente grande favor seria feito) se em todo o curso do ano os autos de Mestre Gil houvessem palco próprio e acessível, e gente que os amasse e soubesse representar. Claro que sabemos que Gil Vicente não é Shakespeare nem Molière, mas igualmente sabemos (este ditado assenta como uma luva na nossa proverbial modéstia) que “ quem não tem cão caça com gato”.
Aliás, comparar Gil Vicente ao gato não é tão desassisado como à primeira vista se julgará: como o gato, Gil Vicente tem blandícias e branduras, acomoda-se no regaço dos poderosos do tempo, consente que o afaguem, e retribui. Mas, de repente, disparada e ferina, aí vem a unha do gato, a unha de Mestre Gil. Onde ela alcança, aparece um risco de sangue. Quantos sorrisos amarelos não terão ficado grudados em rostos da corte. (...)”
José Saramago, Deste Mundo e do Outro (Crónicas), 2ªed.,Ed. Caminho, 1985

MÚSICA
Erik Satie, Gymnopédies n.º 1

J. Strauss, Tritsch-Tratsch Polka


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